Quando pensamos em medidas pra prevenção, combate a violência contra a mulher, nem sempre levamos em conta a importância da comunicação nessa luta. Afinal, como sabemos a mídia possui um grande poder sobre a sociedade. Ela cria conceitos e até realidades. Por que não colocarmos a imprensa do nosso lado?
Por que as notícias que abordam o tema, são superficiais, focam apenas no crime, no ato em sim, olhando assim como fatos isolados, brigas de casal, e não como um problema social, que cresce em nossa comunidade. As matérias ficam na superfície do que aconteceu, como foi a violência, quem foram os envolvidos e a resolução do caso, se o agressor foi ou não preso e para qual DP foi encaminhado. Contribui ainda apara a falsa idéia de que os casos de violência contra a mulher são exclusivos, ou mais recorrentes em classes baixas, entre casais com poder aquisitivo e intelectual mais baixos. Ressaltam a ocupação ou não ocupação do agressor. A matéria jornalística vem reforçar a idéia de que o pobre, o ignorante é um monstro, um homem agressivo, um ser diferente por sua condição social. E podemos perceber que o acontece é que os casos de violência contra a mulher em classes mais altas apenas não são noticiados.
• Questões para se repensar na hora de cobrir um caso de violência doméstica
Exposição desnecessária da vítima. Para quê? Qual a verdadeira função da informação, no que acrescenta à matéria saber o bairro da vítima, o nome dela, se não simplesmente apenas expor um ser humano sofreu violência, alguém que está fragilizado? Em momento nenhum traz a tona a questão social para ser discutida, repensada. Além de expor a vítima com informações pessoais, a matéria explicita o ato, o crime, dizendo em detalhes como foi e alguns casos, cria um enredo, transformando o crime em uma novela. Afinal esse produto precisa ser apelativo para vender? E onde fica o papel, o comprometimento social do jornalista? Pois, afinal, antes de ser um funcionário de uma empresa, num sistema capitalista ele é profissional que presta serviço a sociedade através da informação.
O sensacionalismo em muitas matérias sobre o tema presta um desvalor a sociedade, quando a imprensa poderia trazer a discussão das raízes do problema social, que é a violência contra a mulher, a imprensa apenas torna sensacionalista e coloca como mais um crime isolado e não um problema que afeta de alguma forma todos da sociedade, ou seja, é necessário repensar a prevenção, o combate à violência contra a mulher.
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